sexta-feira, 5 de março de 2010
A Inocente
A peça inicia-se com o juiz no trono. Entra o acusador trazendo a ré que entra gritando acorrentada, vestes sujas a joga no chão, a coloca na cadeira e se apresenta aos jurados.
Acusador: Dispenso apresentações senhoras e senhores. Como é notável, sou o acusador. Estão vendo essa pessoa? A ré, pois bem senhoras e senhores. Agora é um pouco tarde pra se lamentar, é um pouco tarde pra ficar com essa carinha de coitadinho(fala isso para a ré). Esqueceu-se de seu passado? Que pena porque eu tenho uma excelente memória. Eu vou te fazer lembrar cada detalhe... Aliás, isso é o que eu sei fazer de melhor: Acusar. Culpada!
Porque tantas vezes mentiu achando que ninguém saberia, se tornou minha aliada. Quantas coisas em oculto, né? Que saudades das rodinhas de amigos, das palavras...hum(limpando a garganta) feias que falávamos. Eu estava ali o tempo todo ao seu lado. Aliás, cadê todo mundo?
Cadê seus amigos para te defenderem? Você está sozinha agora e não tem ninguém por você, ninguém!
Juiz: Porque vens a minha presença, acusador?
Acusador: Esta é a pessoa (apontando para a ré)
Juiz: Sim, eu sei, qual é a acusação?
Acusador: Ela é ré de juízo, pois pecou desde o princípio.
Juiz: Quais as provas? O que tens contra ela?
Acusador: Ela? Era pra estar no Jardim do Éden, mas foi expulsa por desobediência... e até os dias de hoje continua a desobedecer. Ela tem cometido pecado contra os homens e contra ti, ó Justo Juiz. Pois só tu és Senhor! Eu mesmo reconheço isso e até estremeço, agora esta, não faz caso algum de ti.
Juiz: Diante das provas, que direito tens sobre ela?
Acusador: De matá-la! Destruí-lá! O que diz a tua lei? Não matarás, ama o teu Deus acima de todas as coisas, honra teu pai e tua mãe, e tudo isto ela não faz. O que eu quero ela faz, e nesses últimos dias tem sido cada vez pior, se entregando às paixões da carne, por isso, Juiz e senhores jurados... Não há esperança para ela. Não há!
Juiz: A ré, o que tens a dizer? Como se declara?
Ré: Culpada! Pequei contra ti, contra ti somente, já não sou digna de ser chamada filha de Deus. Sou digna de morte! Morte eterna!
Juiz: Não há ninguém por você? Ninguém?
Ré: Não Senhor Juiz. Não há ninguém por mim. Pensei que podia confiar nas pessoas, nos meus amigos. Pensei que poderia me apoiar em minha família, nas minhas próprias convicções, e agora... Perdoe-me!
Acusador: Cale-se! Eu quero justiça. Faça justiça Senhor Juiz, dê o seu veredito. O Universo inteiro aguarda a sua decisão. Justiça, faça justiça.
Juiz: INOCENTE!
Acusador: Como? A tua lei manda que seja morta! Quem receberá a condenação no lugar dela? Acaso serei eu? Ou os jurados? Quem morrerá em seu lugar?
Juiz: Inocente! Porque eu me fiz de maldição em seu lugar. Filha, dá-me o teu coração. Eu vim para que tenha vida em abundância. Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem vida aterna e não entrará em condenção, mas passou da morte para a vida. Agora vá e não peques mais!
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Um comentário:
Excelente...Muito profundo...Uma linda reflexão...Meus parabéns pela excelente escrita.
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