segunda-feira, 12 de abril de 2010

Uma regra de mundo




















"- Quando uns podem e outros não, o jogo fica mais interessante."

Foi um dia desses que meu irmão de 12 anos de idade encontrou um jogo na internet que me chamou a atenção para um aspecto totalmente visível na sociedade. Sem precisar fazer comparações, o jogo é uma reunião de pessoas que se juntam para conversar ou conviver. Ali criam seus personagens(uns bonequinhos quadrados) e num bate papo, frequentam os lugares de um 'hotel' que mais parece um mundo com a variedade de coisas que dá para se fazer, vai de clube e hospitais até local para entrevistas de empregos e delegacias.
E numa tentativa de parecer real, as pessoas logo que entram no jogo começam com o seu cômodozinho 'apertado' e vão aos lugares e lá se encontra pessoas de diferentes idades conversando. Quem desejar aumentar seu espaço no hotel e ter seus móveis, precisa ter money. Money lá, money cá. É isso mesmo, meu irmão fez minha mãe desenbolsar nesse jogo, R$ 30, 00 para ter seus "15 minutos de fama", ou melhor dizendo, seus dias de HC - um clube, como é conhecido, só para requintes e tem um prazo para acabar. Com todos os direitos, a pessoa que tiver o capital poderá usufruir de móveis caríssimos até a rodeada de amigos(interesseiros), que até então meu irmão não tinha. Os tão sonhados trinta reais pagos no banco valiam 90 moedas no jogo, com isso, ele pôde aumentar seu apartamento e ter o seu glamour sendo HC, é claro. O tempo passou e acabou a mamata! Mesmo sendo muito econômico, ele perdeu seus dias de 'richênho'. Continuou com tudo que havia comprado, mas cadê a graça de poder gastar?
Ficou frustrado, largou de mão, foi buscar jogos parecidos e acabou achando um piratão, mas com um detalhe: Todos os jogadores começavam com 999999999 moedas. O mesmo hotel, mesmas regras e algo curioso: Todos com direitos à moedas. Não como o outro que as pessoas teriam que desenbolsar, e evidente que nem todos podiam até o primeiro momento, ou seja, "noobs" como são chamados. Em decorrência disso, o jogo era e é pouco frequentado. Ficou uma dúvida no ar, não é?
Quem pensa que as infinitas moedas prenderiam os olhares $ $, se enganou. Meu irmão perdeu o interesse rapidamente. E eu já sabia o porquê. Levando pro lado da competitividade, era esperado isso acontecer. Não tinha graça conviver sem a "classe HC", sem poder chamar o outro de noob, e poder ser rodeado unicamente. Afinal, essa não é a nossa sociedade?
Mesmo assim, eu o indaguei: "- Qual é a graça, né?" Ele começou a pôr desculpas dizendo que o jogo tinha muitos legs(o já esperado), entre outras coisas. Sem poder jogar o antigo, buscou outras soluções para o seu passatempo, ou melhor, falta do que fazer.
... voltando, o mundo é assim. Uns podem, outros não. E os que podem querem cada vez mais poder. Para eles, é preciso haver algo inferior para encher o ego, senão o mundo não é mundo. O dinheiro parece consumir a mente das pessoas enquanto elas consomem tudo que podem. Como um mecanismo físico. Quem prefere viver com sua porção acostumada e ainda dividir, é mais feliz.


“Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam; porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.” (Mateus 6.19-21)

O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males...” (I Timóteo, 6:10)

"E ainda vos digo que
é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus” (Mateus 19.23-24)"

Além de querer cada vez mais o rico não divide, vive pelo dinheiro e para o dinheiro, e ainda tem pavor de o perder. Aí entra o egoísmo, a extorsão, a exploração, a mentira e tudo aquilo que nada vale.

"Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me.
E o jovem, ouvindo esta palavra, retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades." (Mateus 19. 21-22)

Não estou aqui querendo dizer que não temos que ter a nossa casa jeitosinha, o carro e a compra com fartura de todo mês, se lutamos e trabalhamos para conquistar isto. Eu digo, dividir. Aprender a ajudar os outros e que se for preciso nos faça renunciar prazeres pessoais. Não olhar só para o seu próprio umbigo. Algo voluntário. E isso muitas das vezes vem de pessoas pobres, outras que nem tem tanto dinheiro assim que muitas das vezes é conhecido como solidário. Porque se pararmos para pensar, rico propriamente dito é aquele que só pensa na riqueza, e dividir é papo furado. Pessoas que tem e dividem são prósperos e são aquelas pessoas que não vivem correndo atrás de tesouros na terra. A expressão de tristeza do jovem ao que o Mestre Jesus lhe falava, provou que Ele falava dos ricos propriamente dito. Só querem saber de ajuntar riquezas, e não querer dividir. E esse "propriamente dito" explica que o que faz de uma pessoa rica é o fato dela buscar ainda mais riquezas e o resto que se exploda. É um círculo vicioso.
Uma frase popular bem diz que nós é que devemos controlar o dinheiro, e não este nos controlar. Devemos aplica-lo devidamente, não este aplicar em nós o que bem entende. Se a pessoa se deixar dominar, ela se corrompe. E o dinheiro se torna um deus para tais pessoas.


Eclesiastes 6.7 "Todo trabalho do homem é para a sua boca, e, contudo, nunca se satisfaz a sua cobiça."

Como no jogo, os de posse que não gostam de dividir e por consequência aumenta o bolso e diminui o coração, querem ser sempre rodeados de puxa-sacos, comprar o que bem entender demasiadamente e sem necessidade. Para quê uma pessoa quer ter 3, 4, 5 ou até mais carros, podendo ter um só e ajudar os outros? Antes são fúteis. O negócio é ter posses, mostrar para a sociedade em geral , pobres e ricos, que possue. Os outros que se virem, afinal o mundo é dos espertos. O pior então é quando se esquecem de suas origens. Fazem aviõezinhos de dinheiro como um objeto "inquebrável", bem negociável e jogam numa ironia pitoresca; avarentos, inconvenientes e arrogantes. Perder dinheiro? O fim do mundo. Ricos famosos ou não, fazendo uma analogia, ocupam o clube HC e com os noobs ou pobres, fazem parte do cenário de uma regra de mundo que nem por todos é seguida(ainda bem), pois é enganadora e egocêntrica.

Assim como os dias de HC, o dinheiro não é tudo e também acaba.














"Nada vem de mim mesma. A minha inspiração vem de Deus. É ele quem abre meus olhos e me dá sabedoria."









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